De certa forma, eu até recomendo o jogo, mas preciso deixar claro: cheguei ao final dele decepcionada. Lost Records: Bloom and Rage é visualmente incrível, todos os cenários são bem detalhados e as expressões faciais convencem. O jogo é muito bonito. As personagens principais, Swann, Kat, Nora e Autumm, são complexas e interessantes. Você se sente parte das memórias delas e é difícil não se apegar a pelo menos uma delas. A 1° parte do jogo é excepcional em apresentar a relação das garotas, tanto no futuro, quanto no passado e em criar essa sensação nostálgica de recordar a infância. Mas é só isso. Na 2º parte do jogo, a narrativa decaí e o que fica é a sensação de que se perderam na própria mitologia que criaram. Não é segredo que a Don't Nod prefere não explicar as razões por trás dos elementos mágicos presentes em seus jogos. Mas esse não é o problema aqui. A questão é que, ao longo da 2° fita, o jogo vira em 180° e deixa todas as pontas soltas possíveis. Me parece que o objetivo é deixar em aberto para uma continuação, mas, se esse é o caso, então é assumir que Lost Records: Bloom and Rage não é um jogo completo.

Life is strange: Double Exposure é uma montanha russa que só vai para baixo. O jogo começa com um primeiro episódio ótimo, que apresenta muito bem o novo elenco e a contextualiza as mudanças que ocorreram na vida da Max. A partir desse episódio, vai piorando a cada um, até chegar no quinto e último, em uma jornada que recicla conceitos do primeiro jogo, mas, dessa vez, sem profundidade e falhando no objetivo de tecer um mistério interessante que envolva personagens ambíguos. A nostalgia é o que sustenta o jogo, além da Max, que permanece sendo a protagonista empática e reflexiva que conhecemos. Os novos personagens apresentados, embora cativantes, são mal utilizados e a trama não se compara com os demais jogos da série, principalmente se comparado ao primeiro jogo, em que jogamos com a mesma protagonista. O desfecho é decepcionante quando olhamos para a trajetória traumática de Max: nada apresentado em Double Exposure explora os demônios do passado da protagonista de forma satisfatória, aqui não encontramos uma resolução nem para os antigos, nem para os novos traumas de Max. O jogo se volta para Arcadia Bay com frequência e, ainda assim, não explora as lacunas deixadas pelo primeiro jogo, coisa que me deixa uma sensação amarga de que esse jogo existe apenas para lucrar em cima do nome da franquia e da protagonista que ele carrega. Dito tudo isso, a trilha sonora é boa, como sempre.