Bionic Bay é um jogo curioso. Visualmente, ele impressiona logo nos trailers, com uma direção de arte que remete ao estilo de Limbo, utilizando sombras contrastadas por luzes intensas. Ao mesmo tempo, seus cenários industriais evocam Inside, criando uma ambientação sombria e intrigante. É nas primeiras horas de gameplay que se revela o quão criativo o jogo pode ser: mecânicas envolvendo gravidade, troca de posição entre objetos e manipulação do tempo enriquecem a experiência de plataforma com boas ideias. Mas nem tudo são acertos. Apesar de um level design criativo — que utiliza as “carcaças” do cenário para construir desafios inteligentes — o jogo acaba apelando para a troca de paletas de cores como forma de sugerir novos ambientes. No entanto, essa mudança é apenas estética. Em essência, você nunca sente que está explorando um local realmente novo. São só cores diferentes tentando te convencer disso. Com o tempo, até mesmo essas paletas se repetem, dando a sensação de que o jogo está se arrastando visualmente. O foco então recai sobre o que o jogo tem de melhor: seus puzzles e o design de fases. Sem essas mecânicas, Bionic Bay seria vazio. E, de certa forma, ele é — especialmente para jogadores que não têm interesse em speedruns. É uma experiência única, sim, mas dificilmente alguém irá revisitá-lo depois de terminar, a menos que tenha o objetivo de dominá-lo em alta velocidade. Diferente de Celeste, por exemplo, que consegue ser desafiador e ao mesmo tempo acolhedor o suficiente para fazer o jogador casual querer voltar.